segunda-feira, 1 de abril de 2013

- Encontrámo-lo.
- Como?
- Tenho agentes nesta area. Tenho a localização dele.
- Onde.
- Castelo.
- Parece-me uma armadilha. Quão quente é a noticia?
- 5 minutos.
Estavam num beco não muito longe, uns 15 minutos a pé do local referido, um sitio escondido com uma curva para lado nenhum senão predios altos. Eram dois, um mais pequeno, de aspecto agil, que falava com poucas palavras, e o outro, da mensagem, um pouco mais alto, tendo um metro e setenta e cinco, com musculos nao volumosos mas visivelmente tonificados e habituados a ser usados.
O mais pequeno estendeu o braço esquerdo perpendicular ao corpo, palma para cima.
Acima da palma da sua mão uma pequena distorção esférica de cerca de 10 centimetros de raio apareceu do nada, começando a aparecer corvos a voar de lá, 12 no total, que se foram empuleirando nos sitios onde podiam no beco.
O portal fechou e o homem falou:
- Encontrem-no. Está no castelo. Quero ver.
O bandos levantou voo quase sem um som, desvanecendo-se no céu alaranjado do por do sol.
O mais alto falou:
- E agora?
- E agora o quê? Castelo. Corre.
E começou a correr beco fora, desaparecendo na esquina da vista do outro homem.
Um suspiro de irritação escapou aos labios de Griver. Sentia-se inquieto. Não sabia se era do repentino e aparentemente facil resultado, ou das chamas alaranjadas do ceu, mas não se sentia calmo o suficiente. Ele apenas havia sido contratado para "Encontrar, observar e intervir caso necessário.".
Griver recebera a descrição, bem como um pequeno conjunto de supostos objectos que poderiam ser usados para ajudar a busca.
Atirara com esse conjunto para um canto da sala de casa e esquecera-se que ele existia.
Ele tinha os seus metodos de encontrar pessoas e coisas.
Acabou por seguir a correr tambem, se bem que a um passo mais lento que o outro. Sabia o caminho que ele iria fazer. Não pretendia perder tempo e seguiria por um atalho...

Rev, o homem dos corvos seguia correndo, as vestes e calçado leves a ajudar no rapido progresso pelas ruas que o separavam do algo. Corria leve e agil, desviando-se no ultimo momento de qualquer objecto ou pessoa, deixando uns quantos transeuntes a olhar para ele a continuar caminho com insultos contidos ou não.
Não lhe interessava. Sabia que os seus corvos tinham ja visão do alvo e a noite estava a cair depressa. Apesar de a iluminação da cidade começar a acender, a visibilidade dos céus estava a começar a ser quase impossivel.
Continuou a correr mais alguns minutos antes de chegar à subida do antigo castelo.
Parou ao inicio da mesma, olhos fechados, respirando calmo, partilhando a visão dos seus corvos.
O seu alvo continuava no mesmo sitio, mal se tendo mexido desde que o primeiro corvo o localizou.
Parece demasiado simples. Rev é um assassino. Discreto quanto baste e eficaz nos contratos, havia sido chamado a este por meio de um intermediario de algum cliente que não queria mostrar a face.
Recebera a descrição e um conjunto de objectos que poderiam ajudar a localizar o alvo.
Observara-os com atenção durante horas antes de prosseguir as acções que culminariam agora. Permite-se a si mesmo rever as "pistas".
Um punhal de prata com simbolos indecifraveis. Mantivera-o consigo por parecer uma lamina semi-util eventualmente, e leve o suficiente para não o perturbar.
Recebera um livro com bastantes simbolos arcanos escritos em caracteres miudos ao longo de paginas a fio. Perdera bastantes horas com estes, tentando dar sentido ao possivel significado, mas alem de algumas passagens mais reconheciveis a apreciadores da materia, o grande conteudo era perdido pois parecia uma distorção dos poucos que reconhecia, como se um pintor procurasse nova forma sob uma tela antiga.
Havia no entanto um leve ressoar arcano, forte o suficiente para conseguir talvez distinguir o seu antigo dono.
Havia um pedaço de um lenço, e algumas pedras preciosas tambem no mesmo saco.
A eficacia de Rev na sua função derivava muito de possuir capacidades que poucos possuem no que toca a ligação a animais, e particularmente a aves.
Ele não lhe chamaria ordenar-lhes que façam, mas mais um pedir de ajuda a alguem que lhe é superior.
Possuia ainda algumas capacidades arcanas limitadas, resultantes do acordar de um poder latente que nunca havia sido modelado, explorado ou dominado. Continua ainda a explorar o potencial deste recurso, mas aquilo que domina de momento deu-lhe aquilo que precisava para atirar abaixo os mais duros alvos.
Continuava ainda incerto, inseguro. Havia recebido instruções para contactar aquele batedor, sem saber bem porquê. Tinha a certeza que o seu alvo era um individuo perigoso, e pelo toque do pequeno livro, esperava que ele tivesse algum potencial arcano. Potencial talvez bem mais praticado que o seu.
Quebra a meditação e abre os olhos. Olha em volta, procura o batedor, mas do mesmo não há sinal.
- Lento. Não preciso mais dele. Tenho olhos lá em cima.
Um tiro unico, vindo do alto...
Era o pensamento de Rev. Repetido como mantra dentro da sua cabeça.
A noite estava aí finalmente. Continuou a correr, percorreu a subida, zigzagueou entre as apertadas ruelas do castelo até se encontrar proximo de onde o seu alvo ainda permanecia, quieto, como que meditando.
Subiu um dos predios de dois andares e preparou um projéctil entre as mãos. Ele era bom neste tipo de tiro. Longa distancia, silencioso, inesperado. Morte silenciosa vinda através de um pequeno corvo de energia arcana que atravessa o coração da vitima pelas costas. Nem existe tempo de resposta, não há uma luta. É assim que Rev elimina os alvos. É este o plano, e o corvo larga a segurança da palma das suas mãos, voando em direcçao as costas expostas do seu alvo.
Acertara.
Desceu e foi confirmar a morte.
Deparou-se com o homem precisamente na mesma posiçao, encostado ao rebordo da muralha.
Disparou de novo. Em cheio, mas nenhuma reacção.
Aproximou-se mais ainda.
A figura permanecia imovel.
Sentiu a sua cabeça a latejar. A dor intensificou-se, tornando-se agonizante.
Perdeu os sentidos.

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