terça-feira, 20 de maio de 2008

One more day to regret...



Não sei sequer por onde começar. Tinha um discurso preparado, mas desvaneceu-se assim que abri a página.
Cansei-me. Cansei-me de tentar cumprir um sonho que não me pertence, de perseguir algo que no fundo não quero. Talvez por isso tenha falhado. Talvez não. Não importa.
Vou embora. Embora deste sitio, desta cidade. Não consigo respirar livremente aqui, os fantasmas do passado assombram-me constantemente, sufocam a minha vontade e a minha criatividade. Não escrevo nada que valha a pena ler há meses, e mesmo isto é mais um desabafo do que algo decente. Faço-o por descargo de consciência, por não ter vontade de escrever algo personalizado para cada pessoa que merece uma explicação. Sério, não me apetece. Ultimamente não me apetece nada. Não sinto nada, não quero nada...
Perdi-me algures de mim mesmo e agora não consigo lembrar-me onde me deixei quando coloquei a mascara que tenho usado há tanto tempo. Hoje a mascara fica aqui. Teria que a deixar algures. Prefiro deixá-la num sitio que lhe pertence. Num sitio que me pertence.
Fazer as malas, preparar-me para partir, tomar o ultimo café na pastelaria do costume... O travo é amargo, um misto de melancolia, tristeza e dor. Um sentimento de perda. É perfeitamente justificável. Afinal deixo para trás três anos da minha vida. De certa forma três anos desperdiçados, três anos sem um único resultado produtivo para apresentar. De certa forma, deixo também para trás a crisálida onde me formei. Não sei se gosto do que acabou de sair de dentro dela, mas tenho tempo para avaliar isso depois. Deixa as asas secarem, absorve a luz e o calor do sol pela primeira vez na tua nova forma antes de abrires as asas e voares para longe.
Para onde ao certo ainda não sei. Não me importa. Qualquer sitio deve ser melhor que este.
Conheci pessoas espectaculares e outras nem tanto, pessoas boas e monstros disfarçados de príncipes e princesas. Fui um desses monstros também. Deveria arrepender-me? Não sei. Sei que não me arrependo minimamente de ter sido um deles. Sei também que o meu lugar já não é entre eles.
Monstro?
Príncipe?
Mascara?
Em que me tornei eu?
Que procuro?
Quem sou?
O que quero?
Tantas perguntas no limiar da minha consciência, todas elas sem resposta há vista.
Mais uma. Que tenho eu neste momento?
Estranho perguntar-me isto. Se me surgisse em qualquer outro momento esta pergunta na mente provavelmente responderia imediatamente com um bem acentuado "nada". Mas não é exactamente essa a verdade. Levo comigo conhecimentos e habilidades. Alguns bons, outros nem tanto, outros ainda definitivamente maus. Levo também uma pequena conclusão que, certa ou errada, é minha. Não há bem ou mal, apenas diferentes pontos de vista.
Seria errado partir sem deixar algumas palavras a todos (muitíssimo poucos, penso) que irão sentir a minha falta.
A quem me amou, obrigado.
A quem acreditou em mim, desculpem-me.
A quem me ajudou, um grande obrigado. Espero um dia poder devolver tal gesto.
A quem me odiou, obrigado por me masturbarem o ego.
A quem ousou abrir-me os olhos para a realidade, nunca te vou poder agradecer o suficiente.
Aos amigos, até breve, eu volto para vos visitar.
Às curtes sem significado, obrigado por terem sido um objecto de estudo tão fascinante.


Enfim... não quero alongar-me demais. Não vou deixar de estar contactável, e não vou tratar ninguém de forma diferente apenas por sair daqui. O meu e-mail está sempre disponível, e é verificado pelo menos uma vez por dia. Responderei a toda a gente.

Por agora, são horas de abrir as asas e voar em busca de mim mesmo.
Um beijo e um abraço,
Fábio Carvalho.

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