sexta-feira, 15 de fevereiro de 2008

As endorfinas começam a desvanecer-se e o calor artificial do ventilador entorpece-me o corpo. Voltam a tristeza e a melancolia, velhas companheiras queridas, encontrando-me neste estado semi-consciente acompanhado de um cigarro (ah, o que eu não daria agora por algo mais forte). Três semanas de uma tentativa de isolamento falhada graças á presença quase constante da familia que não parece notar a minha crescente depressão. Afinal de contas, eu estava a recuperar bem, até ter resolvido desistir do apoio e dos comprimidos, mas foda-se, se tenho que estar constantemente num estado de alienação, ao menos que seja eu a escolher o narcótico que o provoque. Na verdade nenhum entra no meu corpo há mais de duas semanas. Nem mesmo alcool, tão facilmente acessivel. Detesto os seus efeitos, durante e depois.
Falta-me tudo. Ou, na opinião geral, não me falta nada, mas isso não impede que sinta a falta de algo que não sei o que é.
Estou de ressaca da realidade, de anti-depressivos, de anti-psicoticos, de amor, de ilusões. Estou de ressaca do mundo, e nada a não ser a nova companhia parece conseguir animar-me, mas não posso estar constantemente com ela, nem quero (na realidade até quero, mas não posso). Mas não é justo estar a usá-la para evitar estar neste estado catatónico de desespero e melancolia e saudade de um tempo em que tudo era mais simples e não havia mil e uma merdas que pudesse lembrar para me arrastar mais para o fundo. Não precisava disto para me sentir inutil. Sou-o. Sei-o bem. Mas não precisava que a minha mente mo recordasse a cada segundo. Apetece-me adormecer, cair num sono sem sonhos, sem pesadelos que me recordem que não gosto do que me tornei durante a maior parte do tempo, apesar de conseguir apreciar as vantagens obvias quando recordo as gotas de alegria perdidas neste oceano de depressão.
Irrita-me estar a fazer este estupido lamento que a nada leva, que ninguém vai notar. É apenas mais um devaneio idiota.
Acendo um cigarro. Tento inutilmente parar de pensar, de sentir. A nicotina não era suposto ser minimamente anti-depressiva? Talvez minimamente seja pouco. Preciso de um narcotico mais forte. Preciso de paz. Onde raio está a droga da paz? Não inventam comprimidos para tudo e mais alguma coisa? Porque raio não inventaram ainda algo que mande a minha mente desta para melhor, que lhe faça um reset, um reinicio.
No fundo, tudo o que quero é esquecer...

"Still feel you on the inside, bitting through and stinging. Will I ever forget to remember?"

Clico em publicar sem me atrever a reler este lixo. Vale sequer a pena publicar? Duvido...

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