quinta-feira, 20 de dezembro de 2007

- Não te vejo.
- Nem eu a ti.
- Onde estás?
- Aqui.
- Onde é isso?
- Não sei.
- Estás perdido.
- Não. Apenas não sei onde estou.
- Isso é estar perdido.
- Estás perdido?
- Estou.
- Porquê?
- Estou algures a falar com alguém que não vejo.
- Isso também é estar perdido.
- Quem és?
- Não sei.
- És real?
- Sou.
- Como sabes?
- Estou a falar contigo.
- E se fores uma ilusão?
- Seria uma ilusão bastante real.
- Mesmo assim ilusório.
- Sim.
- E eu?
- Tu?
- Sim, eu. Quem sou?
- Sabes?
- Não. Serei tu?
- Não. Tu deves ser tu.
- E se tu e eu estamos aqui...
- Somos reais.
- Existe outra hipotese?
- Existe, mas não quero pensar nela.
- Porquê?
- É assustadora.
- Fala.
- E se formos ambos ilusões?
- Seriamos ilusões bastante reais. Tu mesmo o disseste.
- Se fossemos ilusões de alguém, como teriamos esta conversa?
- Boa pergunta.
- Não somos então ilusões?
- Não disse isso.
- Explica-te.
- E se formos uma ilusão com consciencia?
- Nesse caso temos uma imaginação bastante fertil.
- Ilusões iludidas...
- Ilusões iludidas...

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