ok, o sistema é linux-based, o que significa que na questão do kernel e da boot tem obrigatoriamente os direitos abertos.
quarta-feira, 15 de outubro de 2008
segunda-feira, 14 de julho de 2008
Era tão pequena que ninguém reparou nela. Uma pequena racha com apenas alguns milímetros. Não podia ser importante. Não chamava a atenção.
Mas cresceu há medida que o peso que o pilar suportava aumentava de dia para dia, de hora para hora. Imperceptível a olho nu, escapou-se de qualquer exame minucioso. Não havia necessidade, afinal, tudo parecia estar bem.
Até que corrompeu toda a estrutura. Qual vírus desconhecido propagou-se invisível. Propagou-se sem causar estragos. Até que se activou. Até que um pequeno pedaço apanhado entre duas das ramificações se escapou e caiu, levando consigo todo o resto do pilar principal. Sem a sua base, a estrutura ruiu. Desfez-se em ruínas e pó numa implosão inaudível. Não havia ninguém por perto para a ouvir. Como de costume, toda a gente estava demasiado ocupada com algo supostamente importante para reparar.
Procuraram depois, a intervalos de tempo irregulares, conforme a necessidade de apoio daquele templo onde tudo parecia sempre tão perfeito, e no lugar do seu paraíso encontraram uma pilha de pó e pedras quebradas sobre o jardim da mágoa. O seu refugio havia sido destruído por algo que nunca ninguém chegaria a perceber. As mudas ruínas levaram consigo as palavras doces inscritas nas paredes, tornando-as ilegíveis e indecifráveis. As ruínas sangravam pó de rubi outrora incrustados nos pilares.
Tristeza, melancolia e quase indiferença eram as reacções comuns nos supostos peregrinos. A palavra não se espalhou. Os fieis choraram em silencio a sua falta de atenção, enquanto os opositores se regozijavam na ilusão de que algo esquecido que tivessem feito pudesse ter levado à queda do templo.
Mas apenas uma alma perdida sabia a verdadeira história. Um corpo que assistira de dentro à implosão, consumido pela infecção que ninguém detectou, deixando para trás uma alma condenada a relembrar sem nunca poder partilhar com ninguém a queda do templo.
Uma alma que observou fieis e infiéis, incapacitada de intervir, consumida pela fúria, o ódio e a mágoa...
Condenada a apontar o dedo em silencio do fundo dos sonhos mais negros ao responsável pela rachadura original. Condenada a ser ignorada como um fragmento da imaginação descontrolada de alguém que dorme profundamente... Condenada a esperar que alguém alguma vez aprenda a ler o seu silencio forçado... A esperar que alguém aprenda as palavras mágicas para o quebrar, para finalmente poder partilhar as razões por todos os outros desconhecidas para a queda do antigo templo que continha no seu seio o jardim da mágoa.
Com o tempo até ela esquecerá... e a eternidade é bastante tempo para poder esquecer... Talvez no esquecimento encontre a sua paz final...
A eternidade o dirá...
Mas cresceu há medida que o peso que o pilar suportava aumentava de dia para dia, de hora para hora. Imperceptível a olho nu, escapou-se de qualquer exame minucioso. Não havia necessidade, afinal, tudo parecia estar bem.
Até que corrompeu toda a estrutura. Qual vírus desconhecido propagou-se invisível. Propagou-se sem causar estragos. Até que se activou. Até que um pequeno pedaço apanhado entre duas das ramificações se escapou e caiu, levando consigo todo o resto do pilar principal. Sem a sua base, a estrutura ruiu. Desfez-se em ruínas e pó numa implosão inaudível. Não havia ninguém por perto para a ouvir. Como de costume, toda a gente estava demasiado ocupada com algo supostamente importante para reparar.
Procuraram depois, a intervalos de tempo irregulares, conforme a necessidade de apoio daquele templo onde tudo parecia sempre tão perfeito, e no lugar do seu paraíso encontraram uma pilha de pó e pedras quebradas sobre o jardim da mágoa. O seu refugio havia sido destruído por algo que nunca ninguém chegaria a perceber. As mudas ruínas levaram consigo as palavras doces inscritas nas paredes, tornando-as ilegíveis e indecifráveis. As ruínas sangravam pó de rubi outrora incrustados nos pilares.
Tristeza, melancolia e quase indiferença eram as reacções comuns nos supostos peregrinos. A palavra não se espalhou. Os fieis choraram em silencio a sua falta de atenção, enquanto os opositores se regozijavam na ilusão de que algo esquecido que tivessem feito pudesse ter levado à queda do templo.
Mas apenas uma alma perdida sabia a verdadeira história. Um corpo que assistira de dentro à implosão, consumido pela infecção que ninguém detectou, deixando para trás uma alma condenada a relembrar sem nunca poder partilhar com ninguém a queda do templo.
Uma alma que observou fieis e infiéis, incapacitada de intervir, consumida pela fúria, o ódio e a mágoa...
Condenada a apontar o dedo em silencio do fundo dos sonhos mais negros ao responsável pela rachadura original. Condenada a ser ignorada como um fragmento da imaginação descontrolada de alguém que dorme profundamente... Condenada a esperar que alguém alguma vez aprenda a ler o seu silencio forçado... A esperar que alguém aprenda as palavras mágicas para o quebrar, para finalmente poder partilhar as razões por todos os outros desconhecidas para a queda do antigo templo que continha no seu seio o jardim da mágoa.
Com o tempo até ela esquecerá... e a eternidade é bastante tempo para poder esquecer... Talvez no esquecimento encontre a sua paz final...
A eternidade o dirá...
domingo, 8 de junho de 2008
Mocas...
Tomo um gole do meu terceiro café duplo em menos de três horas e começo a sentir os efeitos do cocktail anti-depressivo/vitaminico/narcótico de comprimidos que tomei há cerca de uma hora. Estou a voar acima do meu corpo envolvido numa sombra que me rodeia por completo e dentro da qual me sinto seguro.
Fora de mim. O pensamento agrada-me bastante e quase sorrio ao aperceber-me do meu estado. Pensar em silencio numa casa vazia de madrugada faz-me sempre sentir melhor.
Parece-me uma eternidade a ultima vez que me senti assim. Mesmo sabendo que é apenas um efeito momentâneo induzido quimicamente, não deixa de saber bem.
Tenho muito para colocar em ordem cá dentro, mas não faço ideia de onde começar. Passam-me duas ideias pela cabeça. Deixar os dedos bater nas teclas até me cansar sem me preocupar minimamente com o que passa ao ecrã, ou ir buscar um scotch. Decido-me pela segunda. Acho que ainda não estou no estado certo para escrever tudo isto.
Volto já...
Dez minutos para encontrar o copo certo. A cozinha tem dois armários com copos de todas as formas e feitios, mas claro que encontrar um highball tinha que ser complicado. Enfim...
Ah, a maravilha do wiskey escocês. Ide-vos foder, disto não há por cá. Uma garrafinha vinda directamente da Escócia, brinde do meu pai há algum tempo atrás. Engarrafado com 18 aninhos, mesmo como eu gosto. A minha velha preferência pelos 16 teve que ser abandonada por motivos legais. Não estou para ser processado. Era tão bom ter 17 anos caralho.
Tenho um grave problema com álcool e com tudo o que sejam narcóticos ingeridos. Demoram demasiado tempo a fazer efeito. Acabo o copo, dou-lhe 5 minutos para assentar enquanto enrolo um charro.
Não sei bem se é motivo de orgulho pessoal ou indicação de um problema grave de dependência, mas o facto é que mesmo com a mão direita partida acabo de enrolar um charro digno de dar a fumar às divindades do THC (foda-se, a humanidade inventou deuses para tudo, portanto também podem ter inventado deuses para o THC. E se não inventaram, passam a estar inventados e com direitos meus, o que significa que têm que me pagar a mim para os poderem invocar.).
Pois é. Parti a pata dianteira direita num acesso psicótico. Uma discussão de merda cujo motivo já nem me lembro e demasiada merda enfiada cá dentro deu este lindo resultado. Um espelho feito literalmente em pó e o meta do mindinho direito quebrado.
Pai, as nossas noites de copos fazem-me falta. A sério meu, não imaginas o que é estar sem poder desabafar com ninguém. Falta-me aqui alguém que tenha vivido alguma coisa antes de atrofiar e deixar o cérebro definhar neste sitio parado no tempo. Sinto-me preso aqui. Completamente dependente, sem nada de interessante para fazer (valham-me as máquinas de acesso livre que por aí existem senão a minha sanidade tinha ido com o caralho há uns tempos).
O problema é que hacking desvia-me os pensamentos da cabeça durante umas horas, mas eventualmente tenho que largar os computadores e voltar ao chamado mundo real. Acho que sou um bocado escapista (esta merda existe?).
Lista de tópicos das merdas que me estão a foder os cornos. (Estás cá com uma linguagem menino...):
- Estar no Alentejo.
- Ter que esperar por Setembro.
- Saber finalmente o que quero e não o poder ter já.
- Procurar-me a mim próprio e não me encontrar em nada que esteja à minha volta.
- Não ter um acesso à Internet decente.
- Ser uma merda encontrar thc neste sitio.
- Ter que fingir a todos os momentos em que cruzo a porta da rua que me sinto feliz e realizado.
- Não poder trabalhar.
- Estar financeiramente dependente da minha mãe, e ela achar que como estou aqui me posso contentar com o dinheiro para um maço de tabaco por dia, afinal de contas tenho máquina de café em casa, logo não preciso de sair para tomar café.
- Ser impossível dar uma puta de uma foda neste sitio sem andar pelo menos 45 minutos de carro.
- Não ter carro. Eu detesto conduzir, mas estar preso numa aldeia com 1500 habitantes cuja população não tem nada a ver comigo e me vê como um freak fugido do circo tenta-me a reconsiderar a minha opção de não ter carta de condução.
O charro já foi, e ainda por cima era o ultimo até nem sei quando dado que o meu querido dealer trabalha para a minha mãe agora, o que realmente é muito útil. Ou não, dado que ela sabe que ele é dealer e ameaçou despedi-lo se ele me tornasse a vender algo. E sinceramente eu curto o rapaz, é um dos meus "amigos de infância" (o que no meu caso quer dizer que me conheceu antes da minha transformação brutal naquilo que sou agora, e até é dos poucos que aprecia aquilo em que me tornei), bem giro e bastante comestível por sinal, se não tivesse o defeito de ser hetero. Enfim, chega de falar do meu ex-dealer. A ideia percebeu-se. Sou um junkie completamente fodido neste momento. Vale-me o convite do papá para passar algum tempo em casa dele e o facto de ele até me perceber neste caso. Sê optimista Chains, daqui por uns dias voltas à capital, e apesar de não ser o regresso em grande que querias podes pelo menos matar saudades dos amigos (sim, porque não tenho disso cá em baixo, em parte por culpa minha, em parte por culpa de circunstancias passadas, nomeadamente o facto de eu me ter assumido como bissexual numa cidade de merda, o que fez com que muita gente me deixasse de falar. Melhor, menos hipocritas à minha volta).
Preso num sitio que começo a odiar profundamente... Bonita embrulhada Chains...
Só queria estar nos arredores de Lisboa, a estudar pacificamente para tirar o meu curso de literatura, enquanto estudo os apontamentos de engenharia informática do papá para reforçar os meus conhecimentos, porque tal como ele não tenho o mínimo interesse em enveredar profissionalmente por esse caminho neste momento.
Acho que se tivesse essa oportunidade até me metia nesse curso, mas agora não dá. Estou proibido de mudar mais vezes de curso até acabar um. Compreendo, aceito e concordo com os meus pais nesse ponto. Já lhes fodi demasiado dinheiro e já perdi demasiado tempo sem fazer nada de útil. Cansei-me disso.
Não é que me tenha cansado de viver financeiramente à pála deles, até porque, como o meu pai me disse há bastante tempo, sou independente a todos os outros níveis. Há muito que não dou explicações a ninguém sobre nada do que faço. É assim que quero continuar. Sério. Mostrar resultados numa área, mostrar que estou a fazer alguma coisa, e continuar assim para mim agora estaria perfeito.
Eu até nem sou muito difícil de aturar nem nada do género. Se não tiver merdas a acontecer à minha volta que me fodam a vida até sou um tipo pacifico. Não dou problemas. Fumo as minhas ganzas, leio, estudo...
Quero uma vida mais simples neste momento. Não estou minimamente preparado para uma relação com alguém. Ter que dar atenção a alguém, ouvir essa pessoa, partilhar coisas... Parece-me demasiado... nem sei bem como o descrever, mas acho que a palavra mais correcta será assustador. Talvez por o ter feito antes e ter falhado redondamente, talvez por saber que vou foder as merdas se me meter numa dessas, talvez...
Sinceramente, eu se fizer a barba até sou um puto giro, e depois de quatro vodkas cá dentro até sei cantar a canção do bandido, o que para mim me dá os resultados certos para o que quero. E sinceramente, há algo que me anda a atrofiar há uns meses, desde que "acordei" para a realidade. Toda a gente que eu conheço da minha idade ou tem uma relação de namoro a mandar para o casório, ou tem um filho, ou já esteve a viver junto com alguém ou o caralho que me foda. Não consigo perceber, foda-se. Epah, se eu por acaso tivesse 30 anos era perfeitamente compreensível. Mas não. Tenho 21.
Será que penso assim por ser fruto de uma relação precoce que não deu certo? Ou será que sou apenas desligado por natureza desse aspecto da vida? Eu consigo perceber perfeitamente as vantagens de transmitir os meus genes. Até porque nesse aspecto ide-vos foder mas não têm quase nada a apontar-me. Inteligente, belo, com uma saúde de ferro e uns anticorpos do caraças (tirando uma doença de coração hereditária que foi detectada cedo e da qual tento, e reforço o tento, tratar), até tenho uns genes bem fixes. Agora não me fodam, aquilo que vou transmitir à próxima geração não se vai alterar nos próximos anos. É uma constante. Portanto tenho tempo. Até porque ouvi alguém dizer (não dou crédito porque sinceramente não me lembro quem mo disse, senão daria) que ninguém devia ser pai antes dos 40 anos. É quando finalmente se tem paciência para aturar as merdas que um puto faz sem desatinar. Foda-se, os putos são putos, não vão viver a infância para sempre, e vale a pena apreciar essa idade. Gostava de saber o que sei hoje nessa altura para ter aproveitado ao máximo todos os dias desde que comecei a balbuciar palavras até que as minhas hormonas resolveram manifestar-se.
Aprendi muita merda neste ano. Ou talvez já soubesse essas merdinhas mas não as tivesse ainda equacionado e ligado umas às outras (como a minha "querida" professora de história do 11º e 12º me ensinou, tudo tem ligações e repercussões. Nunca gramei aquela gaja, especialmente a mania dela de me dizer que eu era aluno de 20 e não o tirava porque não queria. Claro que não queria. Foda-se, tirei nota naquela disciplina no 10º para me baldar durante dois anos e ainda entrar na faculdade à minha vontade, como ficou provado quando entrei em arqueologia já há 3 anos atrás).
Aprendi algumas sozinho, outras com as poucas pessoas que realmente me quiseram ensinar algo. Aprendi bastante com uma pessoa que conheci no verão passado. Alguém que me abriu os olhos para uma realidade totalmente diferente, que me aconselhou muito bem em vários aspectos. Alguém que passou pelo que eu passei. Alguém que esteve onde eu estou agora. Sigo o meu próprio caminho agora, um bastante diferente daquele que ele seguiu, mas não é esse o mérito?
Tenho a memória despedaçada. Fui eu próprio que o fiz, intencionalmente. Havia demasiado a esquecer. Demasiado que precisava de mudar em mim. Sempre fui agarrado ao passado, e foi a forma que encontrei de escapar dele. (Já tinha mencionado a minha tendência para o escapismo? Acho que já.)
Já que este texto não tem pés nem cabeça, vou aproveitar a desorganização para contar muito vagamente uma história. Ou talvez não. Deixo apenas o essencial, não me apetece esforçar a cabeça a dar pormenores. Nem sempre fui o rapaz giro e interessante. (Não tenho a certeza de ser interessante agora, atenção.) Muito pelo contrário. Durante 15 anos era um puto pequenito, chico-esperto com a mania que sabia mais que toda a gente, esquelético (ainda sou bastante magro, mas porque gosto realmente do aspecto que tenho), que não pisava fora do risco, cuja vida social pura e simplesmente não existia. Era o género de puto que é o alvo preferencial de toda a puta de toda a escola.
Mudei. Aos 16 anos cresci bastante. O meu corpo tomou forma. As borbulhas desapareceram e deram lugar aos três pêlos e meio que tenho hoje na cara (barba de merda que não dá pra fazer nada a não ser a minha pêra e que dá o mesmo trabalho todos os dias como se fosse decente). Mudei de visual. Apaixonei-me. Uma daquelas paixonetas de adolescente que é sempre muito intensa mas que nunca dá em nada de especial. O chamado primeiro amor. Uma metaleira bastante maluca, uma história bastante estranha. Dado que nunca tinha sido aceite antes, ao ser acolhido num meio novo acabei por me adaptar. Tornei-me aquilo que vulgarmente se chama gótico. A tendencia para a melancolia já estava presenta há muito, o apreço pelas artes também. Só tive que limar algumas arestas. Nem foi difícil. Enfim... segui por aí durante uns anos. Perdi-me pelo caminho. Mudei, levei pontapés da vida. Foda-se, tive aquilo que se pode chamar uma adolescência "normal", apesar de na minha opinião ter sido uma merda.
Mais um desabafo estúpido, já que estou nessa onda. Desde os 13 anos que sempre odiei educação física. Não que detestasse desporto, atenção. Fazia umas merdas. Nalguns desportos até era bom (nunca nos de equipa, vá-se lá saber porquê). O que me atrofiava era chegar aos balneários depois. Foda-se, ver 10 gajos todos nus punha-me de pau feito sempre sem excepção. O que quando se tá nu a tomar banho com o resto dos rapazes não é exactamente bem visto. Pronto, já disse. Esta foi difícil. Preciso de outro copo agora antes de recomeçar a escrever. (Entretanto já lhes perdi a conta, mas a garrafa vai mais ou menos a meio o que deve significar que ainda não estou bêbado o suficiente.)
Conclusão (sim, fartei-me agora de pensar, portanto faço uma conclusão, que para quem não sabe, é o ponto onde nos fartamos de pensar e sumarizamos tudo): pah, deixai-me nas calmas, dai-me algum para fumar umas ganzas e uns cigarros e deixai-me estudar. Não peço mais nada. Sério. Pela primeira vez tenho vontade de atinar e fazer alguma coisa útil. (Atinar não significa conformar-me ás regras aceites como normas sociais, e se quiserem discutir essa merda estejam à vontade porque por acaso até é um assunto que curto). Enfim... Começo a ficar demasiado bêbado para ser coerente (se é que o fui até aqui...).
Guarda, publica e sai.
Fora de mim. O pensamento agrada-me bastante e quase sorrio ao aperceber-me do meu estado. Pensar em silencio numa casa vazia de madrugada faz-me sempre sentir melhor.
Parece-me uma eternidade a ultima vez que me senti assim. Mesmo sabendo que é apenas um efeito momentâneo induzido quimicamente, não deixa de saber bem.
Tenho muito para colocar em ordem cá dentro, mas não faço ideia de onde começar. Passam-me duas ideias pela cabeça. Deixar os dedos bater nas teclas até me cansar sem me preocupar minimamente com o que passa ao ecrã, ou ir buscar um scotch. Decido-me pela segunda. Acho que ainda não estou no estado certo para escrever tudo isto.
Volto já...
Dez minutos para encontrar o copo certo. A cozinha tem dois armários com copos de todas as formas e feitios, mas claro que encontrar um highball tinha que ser complicado. Enfim...
Ah, a maravilha do wiskey escocês. Ide-vos foder, disto não há por cá. Uma garrafinha vinda directamente da Escócia, brinde do meu pai há algum tempo atrás. Engarrafado com 18 aninhos, mesmo como eu gosto. A minha velha preferência pelos 16 teve que ser abandonada por motivos legais. Não estou para ser processado. Era tão bom ter 17 anos caralho.
Tenho um grave problema com álcool e com tudo o que sejam narcóticos ingeridos. Demoram demasiado tempo a fazer efeito. Acabo o copo, dou-lhe 5 minutos para assentar enquanto enrolo um charro.
Não sei bem se é motivo de orgulho pessoal ou indicação de um problema grave de dependência, mas o facto é que mesmo com a mão direita partida acabo de enrolar um charro digno de dar a fumar às divindades do THC (foda-se, a humanidade inventou deuses para tudo, portanto também podem ter inventado deuses para o THC. E se não inventaram, passam a estar inventados e com direitos meus, o que significa que têm que me pagar a mim para os poderem invocar.).
Pois é. Parti a pata dianteira direita num acesso psicótico. Uma discussão de merda cujo motivo já nem me lembro e demasiada merda enfiada cá dentro deu este lindo resultado. Um espelho feito literalmente em pó e o meta do mindinho direito quebrado.
Pai, as nossas noites de copos fazem-me falta. A sério meu, não imaginas o que é estar sem poder desabafar com ninguém. Falta-me aqui alguém que tenha vivido alguma coisa antes de atrofiar e deixar o cérebro definhar neste sitio parado no tempo. Sinto-me preso aqui. Completamente dependente, sem nada de interessante para fazer (valham-me as máquinas de acesso livre que por aí existem senão a minha sanidade tinha ido com o caralho há uns tempos).
O problema é que hacking desvia-me os pensamentos da cabeça durante umas horas, mas eventualmente tenho que largar os computadores e voltar ao chamado mundo real. Acho que sou um bocado escapista (esta merda existe?).
Lista de tópicos das merdas que me estão a foder os cornos. (Estás cá com uma linguagem menino...):
- Estar no Alentejo.
- Ter que esperar por Setembro.
- Saber finalmente o que quero e não o poder ter já.
- Procurar-me a mim próprio e não me encontrar em nada que esteja à minha volta.
- Não ter um acesso à Internet decente.
- Ser uma merda encontrar thc neste sitio.
- Ter que fingir a todos os momentos em que cruzo a porta da rua que me sinto feliz e realizado.
- Não poder trabalhar.
- Estar financeiramente dependente da minha mãe, e ela achar que como estou aqui me posso contentar com o dinheiro para um maço de tabaco por dia, afinal de contas tenho máquina de café em casa, logo não preciso de sair para tomar café.
- Ser impossível dar uma puta de uma foda neste sitio sem andar pelo menos 45 minutos de carro.
- Não ter carro. Eu detesto conduzir, mas estar preso numa aldeia com 1500 habitantes cuja população não tem nada a ver comigo e me vê como um freak fugido do circo tenta-me a reconsiderar a minha opção de não ter carta de condução.
O charro já foi, e ainda por cima era o ultimo até nem sei quando dado que o meu querido dealer trabalha para a minha mãe agora, o que realmente é muito útil. Ou não, dado que ela sabe que ele é dealer e ameaçou despedi-lo se ele me tornasse a vender algo. E sinceramente eu curto o rapaz, é um dos meus "amigos de infância" (o que no meu caso quer dizer que me conheceu antes da minha transformação brutal naquilo que sou agora, e até é dos poucos que aprecia aquilo em que me tornei), bem giro e bastante comestível por sinal, se não tivesse o defeito de ser hetero. Enfim, chega de falar do meu ex-dealer. A ideia percebeu-se. Sou um junkie completamente fodido neste momento. Vale-me o convite do papá para passar algum tempo em casa dele e o facto de ele até me perceber neste caso. Sê optimista Chains, daqui por uns dias voltas à capital, e apesar de não ser o regresso em grande que querias podes pelo menos matar saudades dos amigos (sim, porque não tenho disso cá em baixo, em parte por culpa minha, em parte por culpa de circunstancias passadas, nomeadamente o facto de eu me ter assumido como bissexual numa cidade de merda, o que fez com que muita gente me deixasse de falar. Melhor, menos hipocritas à minha volta).
Preso num sitio que começo a odiar profundamente... Bonita embrulhada Chains...
Só queria estar nos arredores de Lisboa, a estudar pacificamente para tirar o meu curso de literatura, enquanto estudo os apontamentos de engenharia informática do papá para reforçar os meus conhecimentos, porque tal como ele não tenho o mínimo interesse em enveredar profissionalmente por esse caminho neste momento.
Acho que se tivesse essa oportunidade até me metia nesse curso, mas agora não dá. Estou proibido de mudar mais vezes de curso até acabar um. Compreendo, aceito e concordo com os meus pais nesse ponto. Já lhes fodi demasiado dinheiro e já perdi demasiado tempo sem fazer nada de útil. Cansei-me disso.
Não é que me tenha cansado de viver financeiramente à pála deles, até porque, como o meu pai me disse há bastante tempo, sou independente a todos os outros níveis. Há muito que não dou explicações a ninguém sobre nada do que faço. É assim que quero continuar. Sério. Mostrar resultados numa área, mostrar que estou a fazer alguma coisa, e continuar assim para mim agora estaria perfeito.
Eu até nem sou muito difícil de aturar nem nada do género. Se não tiver merdas a acontecer à minha volta que me fodam a vida até sou um tipo pacifico. Não dou problemas. Fumo as minhas ganzas, leio, estudo...
Quero uma vida mais simples neste momento. Não estou minimamente preparado para uma relação com alguém. Ter que dar atenção a alguém, ouvir essa pessoa, partilhar coisas... Parece-me demasiado... nem sei bem como o descrever, mas acho que a palavra mais correcta será assustador. Talvez por o ter feito antes e ter falhado redondamente, talvez por saber que vou foder as merdas se me meter numa dessas, talvez...
Sinceramente, eu se fizer a barba até sou um puto giro, e depois de quatro vodkas cá dentro até sei cantar a canção do bandido, o que para mim me dá os resultados certos para o que quero. E sinceramente, há algo que me anda a atrofiar há uns meses, desde que "acordei" para a realidade. Toda a gente que eu conheço da minha idade ou tem uma relação de namoro a mandar para o casório, ou tem um filho, ou já esteve a viver junto com alguém ou o caralho que me foda. Não consigo perceber, foda-se. Epah, se eu por acaso tivesse 30 anos era perfeitamente compreensível. Mas não. Tenho 21.
Será que penso assim por ser fruto de uma relação precoce que não deu certo? Ou será que sou apenas desligado por natureza desse aspecto da vida? Eu consigo perceber perfeitamente as vantagens de transmitir os meus genes. Até porque nesse aspecto ide-vos foder mas não têm quase nada a apontar-me. Inteligente, belo, com uma saúde de ferro e uns anticorpos do caraças (tirando uma doença de coração hereditária que foi detectada cedo e da qual tento, e reforço o tento, tratar), até tenho uns genes bem fixes. Agora não me fodam, aquilo que vou transmitir à próxima geração não se vai alterar nos próximos anos. É uma constante. Portanto tenho tempo. Até porque ouvi alguém dizer (não dou crédito porque sinceramente não me lembro quem mo disse, senão daria) que ninguém devia ser pai antes dos 40 anos. É quando finalmente se tem paciência para aturar as merdas que um puto faz sem desatinar. Foda-se, os putos são putos, não vão viver a infância para sempre, e vale a pena apreciar essa idade. Gostava de saber o que sei hoje nessa altura para ter aproveitado ao máximo todos os dias desde que comecei a balbuciar palavras até que as minhas hormonas resolveram manifestar-se.
Aprendi muita merda neste ano. Ou talvez já soubesse essas merdinhas mas não as tivesse ainda equacionado e ligado umas às outras (como a minha "querida" professora de história do 11º e 12º me ensinou, tudo tem ligações e repercussões. Nunca gramei aquela gaja, especialmente a mania dela de me dizer que eu era aluno de 20 e não o tirava porque não queria. Claro que não queria. Foda-se, tirei nota naquela disciplina no 10º para me baldar durante dois anos e ainda entrar na faculdade à minha vontade, como ficou provado quando entrei em arqueologia já há 3 anos atrás).
Aprendi algumas sozinho, outras com as poucas pessoas que realmente me quiseram ensinar algo. Aprendi bastante com uma pessoa que conheci no verão passado. Alguém que me abriu os olhos para uma realidade totalmente diferente, que me aconselhou muito bem em vários aspectos. Alguém que passou pelo que eu passei. Alguém que esteve onde eu estou agora. Sigo o meu próprio caminho agora, um bastante diferente daquele que ele seguiu, mas não é esse o mérito?
Tenho a memória despedaçada. Fui eu próprio que o fiz, intencionalmente. Havia demasiado a esquecer. Demasiado que precisava de mudar em mim. Sempre fui agarrado ao passado, e foi a forma que encontrei de escapar dele. (Já tinha mencionado a minha tendência para o escapismo? Acho que já.)
Já que este texto não tem pés nem cabeça, vou aproveitar a desorganização para contar muito vagamente uma história. Ou talvez não. Deixo apenas o essencial, não me apetece esforçar a cabeça a dar pormenores. Nem sempre fui o rapaz giro e interessante. (Não tenho a certeza de ser interessante agora, atenção.) Muito pelo contrário. Durante 15 anos era um puto pequenito, chico-esperto com a mania que sabia mais que toda a gente, esquelético (ainda sou bastante magro, mas porque gosto realmente do aspecto que tenho), que não pisava fora do risco, cuja vida social pura e simplesmente não existia. Era o género de puto que é o alvo preferencial de toda a puta de toda a escola.
Mudei. Aos 16 anos cresci bastante. O meu corpo tomou forma. As borbulhas desapareceram e deram lugar aos três pêlos e meio que tenho hoje na cara (barba de merda que não dá pra fazer nada a não ser a minha pêra e que dá o mesmo trabalho todos os dias como se fosse decente). Mudei de visual. Apaixonei-me. Uma daquelas paixonetas de adolescente que é sempre muito intensa mas que nunca dá em nada de especial. O chamado primeiro amor. Uma metaleira bastante maluca, uma história bastante estranha. Dado que nunca tinha sido aceite antes, ao ser acolhido num meio novo acabei por me adaptar. Tornei-me aquilo que vulgarmente se chama gótico. A tendencia para a melancolia já estava presenta há muito, o apreço pelas artes também. Só tive que limar algumas arestas. Nem foi difícil. Enfim... segui por aí durante uns anos. Perdi-me pelo caminho. Mudei, levei pontapés da vida. Foda-se, tive aquilo que se pode chamar uma adolescência "normal", apesar de na minha opinião ter sido uma merda.
Mais um desabafo estúpido, já que estou nessa onda. Desde os 13 anos que sempre odiei educação física. Não que detestasse desporto, atenção. Fazia umas merdas. Nalguns desportos até era bom (nunca nos de equipa, vá-se lá saber porquê). O que me atrofiava era chegar aos balneários depois. Foda-se, ver 10 gajos todos nus punha-me de pau feito sempre sem excepção. O que quando se tá nu a tomar banho com o resto dos rapazes não é exactamente bem visto. Pronto, já disse. Esta foi difícil. Preciso de outro copo agora antes de recomeçar a escrever. (Entretanto já lhes perdi a conta, mas a garrafa vai mais ou menos a meio o que deve significar que ainda não estou bêbado o suficiente.)
Conclusão (sim, fartei-me agora de pensar, portanto faço uma conclusão, que para quem não sabe, é o ponto onde nos fartamos de pensar e sumarizamos tudo): pah, deixai-me nas calmas, dai-me algum para fumar umas ganzas e uns cigarros e deixai-me estudar. Não peço mais nada. Sério. Pela primeira vez tenho vontade de atinar e fazer alguma coisa útil. (Atinar não significa conformar-me ás regras aceites como normas sociais, e se quiserem discutir essa merda estejam à vontade porque por acaso até é um assunto que curto). Enfim... Começo a ficar demasiado bêbado para ser coerente (se é que o fui até aqui...).
Guarda, publica e sai.
domingo, 25 de maio de 2008
O som das pás a atirar terra para cima de um caixão de carvalho, na chuvosa tarde de outono poderia parecer-lhe familiar, acolhedor até, não fosse o ocupante do caixão ser ele.
Privado do minimo movimento pelo veneno paralisante injectado nas suas veias, privado da própria memória de tudo quanto fosse anterior á picada, dado como morto, preso á consciencia aterradora de viver todo o processo sem ninguém se aperceber de que ele estava, ainda que por quanto tempo fosse uma incógnita para ele, vivo, ele aguardara todo o processo com uma raiva passiva. Já só queria que se despachassem. Não podia mexer um musculo, não podia pedir ajuda, não podia falar. Desde que lhe fecharam as palpebras não podia ver. Só ouvia. Ouvia tudo atentamente. Coisas que não sabia até aquele momento terem som, sons mais distantes que antes lhe teriam sido negados. Conseguia ouvir o corvo na mata ao fundo da colina no topo da qual estava a ser enterrado. Conseguia ouvir o riacho, os passos a partir do cemitério, o vento por entre as campas. O coveiro a pensar alto para si o que fazer no dia seguinte. Até que até o coveiro acabou o serviço. E os seus passos desapareçeram do espaço do cemitério.
Agora estava ali sozinho. O seu corpo paralisado mal apenas precisava do suficiente para manter vivos os seus orgãos vitais, o que estava a provar ser menos do que ele esperava.
Restava-lhe esperar...
Privado do minimo movimento pelo veneno paralisante injectado nas suas veias, privado da própria memória de tudo quanto fosse anterior á picada, dado como morto, preso á consciencia aterradora de viver todo o processo sem ninguém se aperceber de que ele estava, ainda que por quanto tempo fosse uma incógnita para ele, vivo, ele aguardara todo o processo com uma raiva passiva. Já só queria que se despachassem. Não podia mexer um musculo, não podia pedir ajuda, não podia falar. Desde que lhe fecharam as palpebras não podia ver. Só ouvia. Ouvia tudo atentamente. Coisas que não sabia até aquele momento terem som, sons mais distantes que antes lhe teriam sido negados. Conseguia ouvir o corvo na mata ao fundo da colina no topo da qual estava a ser enterrado. Conseguia ouvir o riacho, os passos a partir do cemitério, o vento por entre as campas. O coveiro a pensar alto para si o que fazer no dia seguinte. Até que até o coveiro acabou o serviço. E os seus passos desapareçeram do espaço do cemitério.
Agora estava ali sozinho. O seu corpo paralisado mal apenas precisava do suficiente para manter vivos os seus orgãos vitais, o que estava a provar ser menos do que ele esperava.
Restava-lhe esperar...
terça-feira, 20 de maio de 2008
One more day to regret...

Não sei sequer por onde começar. Tinha um discurso preparado, mas desvaneceu-se assim que abri a página.
Cansei-me. Cansei-me de tentar cumprir um sonho que não me pertence, de perseguir algo que no fundo não quero. Talvez por isso tenha falhado. Talvez não. Não importa.
Vou embora. Embora deste sitio, desta cidade. Não consigo respirar livremente aqui, os fantasmas do passado assombram-me constantemente, sufocam a minha vontade e a minha criatividade. Não escrevo nada que valha a pena ler há meses, e mesmo isto é mais um desabafo do que algo decente. Faço-o por descargo de consciência, por não ter vontade de escrever algo personalizado para cada pessoa que merece uma explicação. Sério, não me apetece. Ultimamente não me apetece nada. Não sinto nada, não quero nada...
Perdi-me algures de mim mesmo e agora não consigo lembrar-me onde me deixei quando coloquei a mascara que tenho usado há tanto tempo. Hoje a mascara fica aqui. Teria que a deixar algures. Prefiro deixá-la num sitio que lhe pertence. Num sitio que me pertence.
Fazer as malas, preparar-me para partir, tomar o ultimo café na pastelaria do costume... O travo é amargo, um misto de melancolia, tristeza e dor. Um sentimento de perda. É perfeitamente justificável. Afinal deixo para trás três anos da minha vida. De certa forma três anos desperdiçados, três anos sem um único resultado produtivo para apresentar. De certa forma, deixo também para trás a crisálida onde me formei. Não sei se gosto do que acabou de sair de dentro dela, mas tenho tempo para avaliar isso depois. Deixa as asas secarem, absorve a luz e o calor do sol pela primeira vez na tua nova forma antes de abrires as asas e voares para longe.
Para onde ao certo ainda não sei. Não me importa. Qualquer sitio deve ser melhor que este.
Conheci pessoas espectaculares e outras nem tanto, pessoas boas e monstros disfarçados de príncipes e princesas. Fui um desses monstros também. Deveria arrepender-me? Não sei. Sei que não me arrependo minimamente de ter sido um deles. Sei também que o meu lugar já não é entre eles.
Monstro?
Príncipe?
Mascara?
Em que me tornei eu?
Que procuro?
Quem sou?
O que quero?
Tantas perguntas no limiar da minha consciência, todas elas sem resposta há vista.
Mais uma. Que tenho eu neste momento?
Estranho perguntar-me isto. Se me surgisse em qualquer outro momento esta pergunta na mente provavelmente responderia imediatamente com um bem acentuado "nada". Mas não é exactamente essa a verdade. Levo comigo conhecimentos e habilidades. Alguns bons, outros nem tanto, outros ainda definitivamente maus. Levo também uma pequena conclusão que, certa ou errada, é minha. Não há bem ou mal, apenas diferentes pontos de vista.
Seria errado partir sem deixar algumas palavras a todos (muitíssimo poucos, penso) que irão sentir a minha falta.
A quem me amou, obrigado.
A quem acreditou em mim, desculpem-me.
A quem me ajudou, um grande obrigado. Espero um dia poder devolver tal gesto.
A quem me odiou, obrigado por me masturbarem o ego.
A quem ousou abrir-me os olhos para a realidade, nunca te vou poder agradecer o suficiente.
Aos amigos, até breve, eu volto para vos visitar.
Às curtes sem significado, obrigado por terem sido um objecto de estudo tão fascinante.
Enfim... não quero alongar-me demais. Não vou deixar de estar contactável, e não vou tratar ninguém de forma diferente apenas por sair daqui. O meu e-mail está sempre disponível, e é verificado pelo menos uma vez por dia. Responderei a toda a gente.
Por agora, são horas de abrir as asas e voar em busca de mim mesmo.
Um beijo e um abraço,
Fábio Carvalho.
quinta-feira, 15 de maio de 2008
The following text was written in January 8 1986 by +++TheMentor+++
Another one got caught today, it's all over the papers. "Teenager
Arrested in Computer Crime Scandal", "Hacker Arrested after Bank Tampering"...
Damn kids. They're all alike.
But did you, in your three-piece psychology and 1950's technobrain,
ever take a look behind the eyes of the hacker? Did you ever wonder what
made him tick, what forces shaped him, what may have molded him?
I am a hacker, enter my world...
Mine is a world that begins with school... I'm smarter than most of
the other kids, this crap they teach us bores me...
Damn underachiever. They're all alike.
I'm in junior high or high school. I've listened to teachers explain
for the fifteenth time how to reduce a fraction. I understand it. "No, Ms.
Smith, I didn't show my work. I did it in my head..."
Damn kid. Probably copied it. They're all alike.
I made a discovery today. I found a computer. Wait a second, this is
cool. It does what I want it to. If it makes a mistake, it's because I
screwed it up. Not because it doesn't like me...
Or feels threatened by me...
Or thinks I'm a smart ass...
Or doesn't like teaching and shouldn't be here...
Damn kid. All he does is play games. They're all alike.
And then it happened... a door opened to a world... rushing through
the phone line like heroin through an addict's veins, an electronic pulse is
sent out, a refuge from the day-to-day incompetencies is sought... a board is
found.
"This is it... this is where I belong..."
I know everyone here... even if I've never met them, never talked to
them, may never hear from them again... I know you all...
Damn kid. Tying up the phone line again. They're all alike...
You bet your ass we're all alike... we've been spoon-fed baby food at
school when we hungered for steak... the bits of meat that you did let slip
through were pre-chewed and tasteless. We've been dominated by sadists, or
ignored by the apathetic. The few that had something to teach found us will-
ing pupils, but those few are like drops of water in the desert.
This is our world now... the world of the electron and the switch, the
beauty of the baud. We make use of a service already existing without paying
for what could be dirt-cheap if it wasn't run by profiteering gluttons, and
you call us criminals. We explore... and you call us criminals. We seek
after knowledge... and you call us criminals. We exist without skin color,
without nationality, without religious bias... and you call us criminals.
You build atomic bombs, you wage wars, you murder, cheat, and lie to us
and try to make us believe it's for our own good, yet we're the criminals.
Yes, I am a criminal. My crime is that of curiosity. My crime is
that of judging people by what they say and think, not what they look like.
My crime is that of outsmarting you, something that you will never forgive me
for.
I am a hacker, and this is my manifesto. You may stop this individual,
but you can't stop us all... after all, we're all alike.
+++The Mentor+++
Arrested in Computer Crime Scandal", "Hacker Arrested after Bank Tampering"...
Damn kids. They're all alike.
But did you, in your three-piece psychology and 1950's technobrain,
ever take a look behind the eyes of the hacker? Did you ever wonder what
made him tick, what forces shaped him, what may have molded him?
I am a hacker, enter my world...
Mine is a world that begins with school... I'm smarter than most of
the other kids, this crap they teach us bores me...
Damn underachiever. They're all alike.
I'm in junior high or high school. I've listened to teachers explain
for the fifteenth time how to reduce a fraction. I understand it. "No, Ms.
Smith, I didn't show my work. I did it in my head..."
Damn kid. Probably copied it. They're all alike.
I made a discovery today. I found a computer. Wait a second, this is
cool. It does what I want it to. If it makes a mistake, it's because I
screwed it up. Not because it doesn't like me...
Or feels threatened by me...
Or thinks I'm a smart ass...
Or doesn't like teaching and shouldn't be here...
Damn kid. All he does is play games. They're all alike.
And then it happened... a door opened to a world... rushing through
the phone line like heroin through an addict's veins, an electronic pulse is
sent out, a refuge from the day-to-day incompetencies is sought... a board is
found.
"This is it... this is where I belong..."
I know everyone here... even if I've never met them, never talked to
them, may never hear from them again... I know you all...
Damn kid. Tying up the phone line again. They're all alike...
You bet your ass we're all alike... we've been spoon-fed baby food at
school when we hungered for steak... the bits of meat that you did let slip
through were pre-chewed and tasteless. We've been dominated by sadists, or
ignored by the apathetic. The few that had something to teach found us will-
ing pupils, but those few are like drops of water in the desert.
This is our world now... the world of the electron and the switch, the
beauty of the baud. We make use of a service already existing without paying
for what could be dirt-cheap if it wasn't run by profiteering gluttons, and
you call us criminals. We explore... and you call us criminals. We seek
after knowledge... and you call us criminals. We exist without skin color,
without nationality, without religious bias... and you call us criminals.
You build atomic bombs, you wage wars, you murder, cheat, and lie to us
and try to make us believe it's for our own good, yet we're the criminals.
Yes, I am a criminal. My crime is that of curiosity. My crime is
that of judging people by what they say and think, not what they look like.
My crime is that of outsmarting you, something that you will never forgive me
for.
I am a hacker, and this is my manifesto. You may stop this individual,
but you can't stop us all... after all, we're all alike.
+++The Mentor+++
quinta-feira, 10 de abril de 2008
Meu Amor
Menti, iludi, manipulei, desiludi, magoei. Pelos vistos é basicamente isto. Ah, e sou alucinado. É importante referir isso.
E também nunca fiz esforço nenhum por a nossa relação. Pior, acabei com ela assim do nada, pelo telefone. Que cobarde que eu sou.
Mas pronto. Queres os motivos para a minha subita decisão. Pedes-me isso cada vez que me pedes para te ligar.
Simples meu amor. Estou farto de ti.
Rude? Não. Apenas sintético.
Merdas de que me fartei em ti:
- Ter que levar com os "amiguinhos queridinhos da baixa porque a baixa tem estilo". Meu amor, quando nos conhecemos eu já estava a sair desse mundo. Como achas que me sinto dois anos e meio depois, ao ser forçado a ver pessoas que desprezo, e fingir dar-me bem com eles.
- Ter que aturar as tuas neuras todas, alinhar nos teus esquemas todos, e no momento em que eu me vou abaixo, virares-me as costas. E não foi uma unica vez.
- Ter começado a fazer tratamento psicologico porque tu dizias que eu precisava de ajuda. Mas e tu?
- Ter que saber que desde que vieste pra cá fodeste toda a gente. Menos eu claro. Mas eramos um casal. Ou eu era um bonequinho giro para mostrar. Nem quero desenvolver esta ideia.
- Ser trocado por alguém que se conhece nessa noite.
- Ter que almoçar fora de casa, tomar café longe, visitar as mesmas lojas todos os dias até já tratar por tu os empregados e os convidar para beber um copo, pelo incomodo.
- Ter que te ouvir falar das experiencias excelentes que tiveste entretanto, e nenhuma me incluir.
- Ter que fingir algo que foi um trauma. Ter que realmente repensar em tudo o que me passou pela cabeça naquele verão. As possibilidades voltaram e eu voltei a cair na mesma merda.
- Epah, eu nem queria ser porco, mas pronto, tem que ser. Fartei-me de ter que me masturbar a fantasiar com uma qualquer actriz porno, como fazia aos 16 anos. Porquê? Por ter namorada.
- O ponto anterior dura relativamente pouco. Sou adulto, sexualmente activo e o sexo é uma das minhas necessidades do dia a dia. Ok, talvez me contente com menos se tiver que ser, mas nada não dá. E pronto, sabes como é, sextas no bairro podem ser muito confusos para a cabeça de um bisexual sexalmente reprimido, e metes umas vodkas no meio e cinco ou seis charros, e aquela xavala que comi no verão a aparecer ali de novo e ter dinheiro para o taxi. Bem, sabes como é, uma coisa leva à outra.
Claro que não me lembro muito bem, mas sei que me soube pela vida. Mas não vamos comentar isso.
E pronto, botom line, pah, é o karma ou o caralho, mas pronto...
Pah, isto piora, mas é melhor parar aqui.
Amo-te, só não consigo aturar-te mais.
Um beijo,
Chainer
E também nunca fiz esforço nenhum por a nossa relação. Pior, acabei com ela assim do nada, pelo telefone. Que cobarde que eu sou.
Mas pronto. Queres os motivos para a minha subita decisão. Pedes-me isso cada vez que me pedes para te ligar.
Simples meu amor. Estou farto de ti.
Rude? Não. Apenas sintético.
Merdas de que me fartei em ti:
- Ter que levar com os "amiguinhos queridinhos da baixa porque a baixa tem estilo". Meu amor, quando nos conhecemos eu já estava a sair desse mundo. Como achas que me sinto dois anos e meio depois, ao ser forçado a ver pessoas que desprezo, e fingir dar-me bem com eles.
- Ter que aturar as tuas neuras todas, alinhar nos teus esquemas todos, e no momento em que eu me vou abaixo, virares-me as costas. E não foi uma unica vez.
- Ter começado a fazer tratamento psicologico porque tu dizias que eu precisava de ajuda. Mas e tu?
- Ter que saber que desde que vieste pra cá fodeste toda a gente. Menos eu claro. Mas eramos um casal. Ou eu era um bonequinho giro para mostrar. Nem quero desenvolver esta ideia.
- Ser trocado por alguém que se conhece nessa noite.
- Ter que almoçar fora de casa, tomar café longe, visitar as mesmas lojas todos os dias até já tratar por tu os empregados e os convidar para beber um copo, pelo incomodo.
- Ter que te ouvir falar das experiencias excelentes que tiveste entretanto, e nenhuma me incluir.
- Ter que fingir algo que foi um trauma. Ter que realmente repensar em tudo o que me passou pela cabeça naquele verão. As possibilidades voltaram e eu voltei a cair na mesma merda.
- Epah, eu nem queria ser porco, mas pronto, tem que ser. Fartei-me de ter que me masturbar a fantasiar com uma qualquer actriz porno, como fazia aos 16 anos. Porquê? Por ter namorada.
- O ponto anterior dura relativamente pouco. Sou adulto, sexualmente activo e o sexo é uma das minhas necessidades do dia a dia. Ok, talvez me contente com menos se tiver que ser, mas nada não dá. E pronto, sabes como é, sextas no bairro podem ser muito confusos para a cabeça de um bisexual sexalmente reprimido, e metes umas vodkas no meio e cinco ou seis charros, e aquela xavala que comi no verão a aparecer ali de novo e ter dinheiro para o taxi. Bem, sabes como é, uma coisa leva à outra.
Claro que não me lembro muito bem, mas sei que me soube pela vida. Mas não vamos comentar isso.
E pronto, botom line, pah, é o karma ou o caralho, mas pronto...
Pah, isto piora, mas é melhor parar aqui.
Amo-te, só não consigo aturar-te mais.
Um beijo,
Chainer
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