domingo, 7 de abril de 2013



Nunca escrevi sobre ti. Nunca pensei, nunca sequer me passou pela cabeça limitar-te a um dos meus devaneios psicadelicos.
Escrever sobre ti, ou mesmo para ti é e sempre será algo quase impossivel. Jamais conseguiria capturar a tua verdadeira essencia em palavras, e escrever-te sobre o quanto te amo sempre
me pareceu... nem sei...
Parece-me inutil. Parece-me esforço em vão. Porque tu sabes que te amo. E não há mais tema. Tudo fica dito numa frase, quando no fundo aquilo que por dentro de mim passa é tanto mais.
Aquilo que há dentro de mim... Como se descreve o desejo insaciavel de alguem? Como se explica que cada dia fica melhor por acordar ao teu lado?
Recordo as noites passadas longe de ti, as longas horas de insonia e saudade, os suspiros pela tua presença, a ansia do toque da tua mão na minha.
Recordo com um sorriso as mil e uma conversas animadas ou não, sobre tudo ou nada, horas das nossas vidas anteriores. Recordo a certeza de que nunca ninguem me conheceu como tu
conheces. Mostrei-te tudo de mim, e continuo a procurar mais para mostrar.                                        
Desejo conhecer cada pedaço de ti. Parece obsessivo não?
Desejo estar sempre perto de ti porque tu acalmas as trevas que me assolam, porque tu tantas vezes foste a unica pessoa com quem eu podia contar.
Porque tu conheces-me a mim, conheces as personagens e as trevas e de alguma forma continuas a ver a minha luz, ainda hoje.
Conheces e partilhas a necessidade de renovação interna e externa, bem como a busca de paz.
Sinto o amargo sabor de te perder. Pior de cada vez que acontece.
Sei o quão sufocante eu posso ser.
O quão ansioso.
Falham-me cada vez mais as palavras. É também por isto que não tento escrever sobre ti.
Preciso de mais que palavras para te mostrar aquilo que quero que vejas comigo.
Preciso de mais que palavras para transmitir tudo aquilo que precisaria. Precisaria de uma vida para escrever o que vivi enquanto te amava. Mas pretendo viver uma vida a amar-te, não a
escrever sobre memorias.
Quero-te. Desejo-te. Anseio pelo abraço da tua alma, pelo toque das tuas palavras, pelo sabor do teu perfume...
Obsessivo, psicopata... quase.
Porque partilho contigo aquilo que será sempre o mais importante da minha vida, o nosso filho.                                                                                      
Porque quero que sejas livre e feliz e que acordes com um sorriso por um novo dia, todos os dias... porque a tua felicidade para mim é importante, tanto (sê honesto ao menos, mais) que
a minha.
Amo-te. Desde o primeiro dia em que te vi. Até ao ultimo dia da minha vida. Não importa o que se passe, ou onde estejamos na altura, juntos ou separados, esta será a realidade.
Jamais conhecerei alguem como tu, jamais partilharei com alguem o que partilhei contigo.
Jamais a minha porta se fechará para ti, não importa o estado de alcoolemia em que eu possa estar (e esta casa pelo menos por agora parece a Arabia Saudita).
Delirio escrito sob efeitos psicadelicos... Desculpa, mas seria incapaz de te escrever isto de outra forma. Penso se deveria sequer mostrar-te. E caso o fizesse, como?
Preciso de um capuccino.


segunda-feira, 1 de abril de 2013

E tu és a unica certeza que tenho neste momento, o unico pilar inabalável do meu pequeno mundo instável e inconstante, e o amor que sinto por ti é tudo aquilo que me prende a este mundo dito real quando nada parece para mim fazer sentido.
Tenho medo sabes? Tenho medo que ao perceberes isto te assustes. Não vou ser consumido pelo meu amor. Não estou dependente de ti mais do que tou de qualquer outra coisa na minha vida. Mas no entanto os momentos que passo longe de ti parecem-me longos e penosos, as noites frias da tua ausencia custam a passar. Não sei como te mostrar sem ser assim, a unica forma que ainda tenho de passar algo cá de dentro para esse mundo onde todos vós existem, a minha derradeira forma de escape a tudo o que considero monotono e restritivo.
Gostava de conseguir falar contigo, poder contar-te tudo o que sinto, mas o mero pensamento do teu maravilhoso sorriso a desaparecer se percebesses tudo o que se passa cá dentro previne-me de sequer formular a primeira palavra.
Isolei-me. Cortei as relações com o mundo há muitos anos. Deixei de existir nele e para ele. Reparaste hoje meu amor? Tive realmente dificuldade em me manter atento, em não me deixar divagar para os recantos da minha mente e do meu mundo pessoal. Ah se eu pudesse...
Gostava de te entregar uma chave deste mundo como te entreguei a chave de minha casa, convidar-te a entrar e ver por ti o que se passa quando não estás, quando estás, sempre... Mas não posso. Não é tão simples como eu gostaria, e há demasiado tempo que não sei o que é esforçar-me por algo, até agora. Não sei onde restam algumas forças no meu ser, mas de onde quer que elas venham, serão usadas para a tua felicidade, para a nossa, pois ao ver-te feliz estarei feliz, independentemente dos estados de espirito em que possa estar, de tudo o que possa querer fazer ao resto do mundo, sei que enquanto me quiseres aqui ao teu lado, aqui estarei, e sei que consigo resistir a tudo enquanto assim for. Estou preparado amor. Sei que não parece... mas estou.
Não sei como te mostrar tudo. Mas sei que encontrarei uma forma.
Amo-te. Hoje, sempre, para sempre.
- Encontrámo-lo.
- Como?
- Tenho agentes nesta area. Tenho a localização dele.
- Onde.
- Castelo.
- Parece-me uma armadilha. Quão quente é a noticia?
- 5 minutos.
Estavam num beco não muito longe, uns 15 minutos a pé do local referido, um sitio escondido com uma curva para lado nenhum senão predios altos. Eram dois, um mais pequeno, de aspecto agil, que falava com poucas palavras, e o outro, da mensagem, um pouco mais alto, tendo um metro e setenta e cinco, com musculos nao volumosos mas visivelmente tonificados e habituados a ser usados.
O mais pequeno estendeu o braço esquerdo perpendicular ao corpo, palma para cima.
Acima da palma da sua mão uma pequena distorção esférica de cerca de 10 centimetros de raio apareceu do nada, começando a aparecer corvos a voar de lá, 12 no total, que se foram empuleirando nos sitios onde podiam no beco.
O portal fechou e o homem falou:
- Encontrem-no. Está no castelo. Quero ver.
O bandos levantou voo quase sem um som, desvanecendo-se no céu alaranjado do por do sol.
O mais alto falou:
- E agora?
- E agora o quê? Castelo. Corre.
E começou a correr beco fora, desaparecendo na esquina da vista do outro homem.
Um suspiro de irritação escapou aos labios de Griver. Sentia-se inquieto. Não sabia se era do repentino e aparentemente facil resultado, ou das chamas alaranjadas do ceu, mas não se sentia calmo o suficiente. Ele apenas havia sido contratado para "Encontrar, observar e intervir caso necessário.".
Griver recebera a descrição, bem como um pequeno conjunto de supostos objectos que poderiam ser usados para ajudar a busca.
Atirara com esse conjunto para um canto da sala de casa e esquecera-se que ele existia.
Ele tinha os seus metodos de encontrar pessoas e coisas.
Acabou por seguir a correr tambem, se bem que a um passo mais lento que o outro. Sabia o caminho que ele iria fazer. Não pretendia perder tempo e seguiria por um atalho...

Rev, o homem dos corvos seguia correndo, as vestes e calçado leves a ajudar no rapido progresso pelas ruas que o separavam do algo. Corria leve e agil, desviando-se no ultimo momento de qualquer objecto ou pessoa, deixando uns quantos transeuntes a olhar para ele a continuar caminho com insultos contidos ou não.
Não lhe interessava. Sabia que os seus corvos tinham ja visão do alvo e a noite estava a cair depressa. Apesar de a iluminação da cidade começar a acender, a visibilidade dos céus estava a começar a ser quase impossivel.
Continuou a correr mais alguns minutos antes de chegar à subida do antigo castelo.
Parou ao inicio da mesma, olhos fechados, respirando calmo, partilhando a visão dos seus corvos.
O seu alvo continuava no mesmo sitio, mal se tendo mexido desde que o primeiro corvo o localizou.
Parece demasiado simples. Rev é um assassino. Discreto quanto baste e eficaz nos contratos, havia sido chamado a este por meio de um intermediario de algum cliente que não queria mostrar a face.
Recebera a descrição e um conjunto de objectos que poderiam ajudar a localizar o alvo.
Observara-os com atenção durante horas antes de prosseguir as acções que culminariam agora. Permite-se a si mesmo rever as "pistas".
Um punhal de prata com simbolos indecifraveis. Mantivera-o consigo por parecer uma lamina semi-util eventualmente, e leve o suficiente para não o perturbar.
Recebera um livro com bastantes simbolos arcanos escritos em caracteres miudos ao longo de paginas a fio. Perdera bastantes horas com estes, tentando dar sentido ao possivel significado, mas alem de algumas passagens mais reconheciveis a apreciadores da materia, o grande conteudo era perdido pois parecia uma distorção dos poucos que reconhecia, como se um pintor procurasse nova forma sob uma tela antiga.
Havia no entanto um leve ressoar arcano, forte o suficiente para conseguir talvez distinguir o seu antigo dono.
Havia um pedaço de um lenço, e algumas pedras preciosas tambem no mesmo saco.
A eficacia de Rev na sua função derivava muito de possuir capacidades que poucos possuem no que toca a ligação a animais, e particularmente a aves.
Ele não lhe chamaria ordenar-lhes que façam, mas mais um pedir de ajuda a alguem que lhe é superior.
Possuia ainda algumas capacidades arcanas limitadas, resultantes do acordar de um poder latente que nunca havia sido modelado, explorado ou dominado. Continua ainda a explorar o potencial deste recurso, mas aquilo que domina de momento deu-lhe aquilo que precisava para atirar abaixo os mais duros alvos.
Continuava ainda incerto, inseguro. Havia recebido instruções para contactar aquele batedor, sem saber bem porquê. Tinha a certeza que o seu alvo era um individuo perigoso, e pelo toque do pequeno livro, esperava que ele tivesse algum potencial arcano. Potencial talvez bem mais praticado que o seu.
Quebra a meditação e abre os olhos. Olha em volta, procura o batedor, mas do mesmo não há sinal.
- Lento. Não preciso mais dele. Tenho olhos lá em cima.
Um tiro unico, vindo do alto...
Era o pensamento de Rev. Repetido como mantra dentro da sua cabeça.
A noite estava aí finalmente. Continuou a correr, percorreu a subida, zigzagueou entre as apertadas ruelas do castelo até se encontrar proximo de onde o seu alvo ainda permanecia, quieto, como que meditando.
Subiu um dos predios de dois andares e preparou um projéctil entre as mãos. Ele era bom neste tipo de tiro. Longa distancia, silencioso, inesperado. Morte silenciosa vinda através de um pequeno corvo de energia arcana que atravessa o coração da vitima pelas costas. Nem existe tempo de resposta, não há uma luta. É assim que Rev elimina os alvos. É este o plano, e o corvo larga a segurança da palma das suas mãos, voando em direcçao as costas expostas do seu alvo.
Acertara.
Desceu e foi confirmar a morte.
Deparou-se com o homem precisamente na mesma posiçao, encostado ao rebordo da muralha.
Disparou de novo. Em cheio, mas nenhuma reacção.
Aproximou-se mais ainda.
A figura permanecia imovel.
Sentiu a sua cabeça a latejar. A dor intensificou-se, tornando-se agonizante.
Perdeu os sentidos.

É certo que quando se deambula pela cidade constantemente a horas perdidas mais tarde ou mais cedo encontram-se objectos. Chamem-lhe sorte, acaso, observação, ou outra coisa qualquer, mas no momento certo olham para o sitio certo e vêem algo interessante. 60€, uns quantos isqueiros engraçados que acabaram na colecção, oculos de sol, algumas chaves (sempre gostaria de saber o que abrem...)... enfim... isto acontece tipo uma vez por mês, mas acontece. É probabilidade acho.
Mas parece-me ridiculo que um junkie a ressacar thc encontre no regresso da faculdade a casa 2.5g de uma bolota fantástica. Parece-me sorte ou coincidencia a mais. Teorias da conspiração...
Fode-te.
Por teres cruzado o meu caminho. Por teres existido. Por me teres feito mostrar-te o meu mundo. Por me incluires no teu. Por me teres mostrado tanto. Por me teres ensinado a amar.
Pensas mesmo que podes voltar atrás anos no tempo, recuperar todos os conhecimentos em duas semanas e seguir esse caminho que deixaste como se nunca tivesses saído dele? Achas mesmo?
Quando te perdes de ti mesmo, como te voltas a encontrar? Há algures um mapa secreto? Uma qualquer pista que não viste, escondida debaixo do teu olhar?

Onde estás agora que preciso de ti?

Posso pedir-te ajuda? Ajudas-me? Sério? Farias isso por mim?

Não. Claro que não.

"Eu sei o que é melhor para ti. Acredita em mim."

TRETAS. Mentiras e ilusões. Se sabes mesmo o que é melhor para mim porque raio não és feliz? Se sabes o que é melhor para mim, não devias saber primeiro o que é melhor para ti?

"Desiste deste mundo, desiste do seguinte, desiste de desistir."

Paz de espírito. Sossego. Calma e conforto. Não preciso de mais.

"Não és tu que tens que deixar de ser complicado, é a tua vida que tem que passar a ser simples."

Lembras-te do Bruno? Ele era feliz. Livre.